quinta-feira, 29 de julho de 2010

Máquina do Tempo

Ela estava sentada, olhando as estrelas através da janela. Seus pensamentos iam longe, além das grosas paredes que a prendiam. O desejo de estar longe a fazia esquecer o que tinha acontecido e porque estava ali.

Há alguns dias atrás podia passear pela praia, sentir a brisa tocando seu rosto, deitar na areia e observar os pássaros e as nuvens. Ainda a tinha ao seu lado, sentia seu perfume, o toque quente em sua pele.
Nunca poderia imaginar que em tão pouco tempo, tudo seria diferente. Que sua vida viraria de ponta cabeça. A única coisa que queria naquele momento era poder voltar no tempo, fazer tudo diferente, ter trancado a porta e escondido a chave.
Mas nunca poderia adivinhar. Quando fechava os olhos podia ver tudo o que tinha acontecido, até a porta ser aberta:
 “- Chega, não agüento mais. Você não confia em mim. Nada que eu faça ou diga te convence. Sempre acha que estou fazendo algo pelas suas costas. Que droga!


A morena jogava roupas dentro de uma mala, enraivecida.


- Tudo bem... Eu sei que sou paranóica às vezes... Mas, por favor, não vai embora... Preciso de você.


A outra garota chorava e tentava pará-la.


- Preciso de um tempo. Olha, não é que não te ame. Mas você precisa se tratar, tem que ficar bem. Eu te amo. Tenta entender de uma vez por todas.


Ela pegou a mala e saiu, a deixando sozinha no meio do quarto.
O resto lhe pareceu acontecer em câmera lenta, como em um filme em slow motion. Ainda estava de pé no quarto quando o telefone tocou. A noticia a tomou devagar, envenenando seu corpo. Não poderia dizer quanto tempo levou para que tudo acontecesse.
Se deu conta de onde estava quando o barulho das sirenes das ambulâncias a ensurdeceu. Entrou no hospital sem realmente saber onde pisava. Só parou quando viu a mãe da garota. Caiu sentada aos prantos.
Minutos depois soube que ela estava viva, respirando sozinha. Mas não acordava. Ninguém sabia quando acordaria, se acordaria.”


De volta à solidão do quarto, ela repassava os filmes varias e varias vezes em sua cabeça. Cada vez que o via, mudava algo, até chegar à versão perfeita. Versão em que nada daquilo tinha acontecido, não houve briga.


É mais ou menos isso o que acontece diariamente. Fazemos e dizemos coisas sem pensar nas conseqüências. Constantemente magoamos quem a gente ama e na maioria das vezes ao menos nos damos conta.
Seja porque bebemos demais, ou em um momento de raiva extrema ou mesmo porque ‘sou assim mesmo, falo na cara’. Já dizia o poeta: a pior arma inventada pelo homem foram as palavras, uma vez ditas, não tem mais jeito... Não à cura ou cirurgia. Uma vez ditas, ficaram marcadas para sempre no ouvinte.
E esse é o ponto: até que ponto podemos dizer e fazer o que queremos sem pensar em quem está do outro lado? Será que é justo descarregarmos nossas frustrações no primeiro coitado que cruzar nosso caminho?
O que peço que faça é: pare, só por um segundo, pare e pense no outro antes de agir. Aquela velha história de nos colocarmos no lugar do outro é valida nesse momento. No segundo exato que precede sua ação.
Por maior que seja sua raiva, por mais fora de si que esteja, e se for o seu jeito, tente refrear-se no exato instante em que estiver pra fazer coisas que em poucos minutos não farão sentido nem mesmo pra você.
Relacionando com a historinha que contei anteriormente: confie mais nas pessoas que estão ao seu redor, aquelas que realmente te amam. Mesmo após uma briga, faça as pazes. Tente entender o que realmente motivou aquilo. E sempre, SEMPRE se despeça com um sorriso e uma palavra doce. Não podemos saber o que acontecera nos próximos minutos. E não teremos uma máquina do tempo, pra voltar atrás e fazer diferente.

Um comentário:

  1. Quer que eu interprete isso? '-' hahaha

    Show de Bola master! Mas ainda sou mais meu livro koaspkopsaoksapkosakop

    ResponderExcluir